NÓS, OS GUARDIÕES

“Nós, os guardiões”, de Ermelinda Ganem Fernandes e Francisco Fialho, o segundo livro da coleção Jung sai pra rua, parte da idéia proposta por James Hillman, que a psicoterapia junguiana deve deixar os consultórios e situar-se mais genericamente na vida. A psicologia, assim, amplia os seus horizontes para além da clínica, aventurando-se para o interior, que está em qualquer lugar, dentro e fora de nós mesmos, que nós passamos a observar e ouvir com um ouvido e um olho psicológicos. O mundo inteiro transforma-se em nosso consultório.

O livro, de forma criativa e inovadora, utilizando a mitologia grega e Iorubá como pano de fundo, aborda a tipologia junguiana a partir da psicologia arquetípica, fazendo um casamento entre os tipos e os arquétipos. Ele inicia o leitor no conhecimento de uma legião de subpersonalidades da alma: a legião dos guardiões, aqueles que nos protege e velam pelo nosso entorno. Todos nós temos vários tipos de guardiões (que correspondem a diferentes subpersonalidades) que podem estar ativos (constelados) ou não, a depender no nosso estágio de evolução da consciência.

“Nós, os guardiões” trata-se de um livro-guia para a individuação. Partindo da busca do arquétipo dos Guardiões no indivíduo e na cultura, em um dos tópicos, o livro faz uma análise da matriz inconsciente do Brasil, trazendo para a nossa memória o complexo que se formou no trauma do nascimento do país e como esse complexo está presente ainda hoje no Brasil puer e órfão, guardião na sua matriz, porém corrupto, quando essa capacidade de cuidar e proteger falha.

Através de palavras e imagens, o livro ousa ser um guia para o leitor-cavaleiro em busca do Santo Graal, alquimista em busca da pedra filosofal, meditador a procura de iluminação. A grande obra é a construção de nós mesmos, seres infinitos, projetos sempre inacabados. Boa viagem!

Os autores